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Marinho menos meme ,e mais jogador decisivo


Não é fácil se dissociar de uma imagem marcante. Barbosa e o frango na Copa de 50, Baggio e o pênalti em 1998, Zidane e a cabeçada em 2006 ou mesmo, para o torcedor do Santos, Nilson e o gol perdido na final da Copa do Brasil em 2010. Por melhor que você seja, por mais que você faça diferente, aquilo sempre vai estar com você. O atacante Marinho, do Santos, sabe disso, sim, e quis mudar.

A "fábrica de memes" do camisa 11 parou de operar. O intuito foi claro: os minimísseis continuam, mas Marinho quer que o assunto seja a bola na rede em si, e não suas palavras atrás de um microfone. O atacante quer ser mais jogador e menos meme.

Desde a volta do futebol após a paralisação pela pandemia do novo coronavírus, Marinho, de 30 anos, tem recusado convite para entrevistas exclusivas e evitado falar até mesmo ao deixar o gramado. Tudo para que o foco seja o que ele apresenta em campo, não o que fala (ou faz) fora das quatro linhas.

O jeito alegre, irreverente e sincero continua com ele, é claro, mas do túnel para dentro. Quando sobe ao gramado, é apenas o atacante do Santos, um dos craques do Brasileirão 2020.

"Chega uma hora que é chato. Meu jeito brincalhão é uma coisa minha. Eu não vou mudar. Acho que falta isso, perdemos isso no futebol. Mas quero que olhem para mim como um cara normal, que faz gol, joga bem, tem seus dias ruins também que é normal", disse Marinho ao jornalista Alê Oliveira em julho, quando concedeu sua última entrevista exclusiva.




Não é fácil se dissociar de uma imagem marcante. Barbosa e o frango na Copa de 50, Baggio e o pênalti em 1998, Zidane e a cabeçada em 2006 ou mesmo, para o torcedor do Santos, Nilson e o gol perdido na final da Copa do Brasil em 2010. Por melhor que você seja, por mais que você faça diferente, aquilo sempre vai estar com você. O atacante Marinho, do Santos, sabe disso, sim, e quis mudar.

A "fábrica de memes" do camisa 11 parou de operar. O intuito foi claro: os minimísseis continuam, mas Marinho quer que o assunto seja a bola na rede em si, e não suas palavras atrás de um microfone. O atacante quer ser mais jogador e menos meme.

Desde a volta do futebol após a paralisação pela pandemia do novo coronavírus, Marinho, de 30 anos, tem recusado convite para entrevistas exclusivas e evitado falar até mesmo ao deixar o gramado. Tudo para que o foco seja o que ele apresenta em campo, não o que fala (ou faz) fora das quatro linhas.

O jeito alegre, irreverente e sincero continua com ele, é claro, mas do túnel para dentro. Quando sobe ao gramado, é apenas o atacante do Santos, um dos craques do Brasileirão 2020.

"Chega uma hora que é chato. Meu jeito brincalhão é uma coisa minha. Eu não vou mudar. Acho que falta isso, perdemos isso no futebol. Mas quero que olhem para mim como um cara normal, que faz gol, joga bem, tem seus dias ruins também que é normal", disse Marinho ao jornalista Alê Oliveira em julho, quando concedeu sua última entrevista exclusiva.


Não é de hoje que Marinho vem tentando passar esse recado. Depois de batizar seu primeiro gol pelo Santos como "minimíssil aleatório", na vitória sobre o Botafogo pelo Brasileiro de 2019, passou a receber pedidos para nomear outros gols anotados. No jogo de volta, contra o mesmo Botafogo, voltou a balançar as redes. Mas ficou "pistola", muito irritado, com o pedido para batizar o gol.

Nesta temporada, após a paralisação, conversou com a assessoria de comunicação do Santos e pediu para não ser mais escalado para dar entrevistas. O objetivo é manter o foco somente no futebol. Abriu exceção em três jogos, mas na partida contra o Athletico, o pedido para nomear o gol voltou e ele rejeitou mais uma vez.


Após sofrer racismo, abre exceção e protesta
Marinho também abriu uma exceção quando foi vítima de racismo após a eliminação do Santos no Paulista deste ano. O atacante até marcou um gol, mas foi expulso.

Em uma crítica à atuação dele na partida contra a Ponte Preta, o comentarista Chef Benedetti, da rádio "Energia 97", o chamou de burro e o associou à palavra "senzala". Revoltado, Marinho fez um pronunciamento emocionado em seu Instagram e depois chorou ao gravar um vídeo para a rede.

Por causa do episódio, Marinho aceitou o convite para participar do programa "Encontro com Fátima Bernardes", da TV Globo, e falar sobre o tema. Também mudou a postura nas redes sociais: os vídeos irreverentes, como produções para o Tiktok e comentários sobre o "Big Brother Brasil" deram lugar a postagens sérias e posicionamentos sociais.

Além de levantar a bandeira do orgulho negro, Marinho recentemente comemorou um gol em libras, a linguagem brasileira de sinais. E, mantendo a posição de não dar entrevistas, respondeu por meio da sua assessoria que o objetivo da comemoração inusitada foi passar a emoção do momento também a quem não pode ouvi-lo.

"Tem muitos torcedores que precisam viver essa emoção, e pouca gente se dá conta disso. Queria trazer um pouco dessa emoção para essas pessoas. Venho aprendendo diariamente, estudando. Jogador de futebol não pode ter somente responsabilidade em campo, mas fora, principalmente".



Confusão em entrevista gerou fama nacional
A fama de produtor de memes - da qual Marinho quer se afastar - começou em 2015. O atacante ficou nacionalmente conhecido quando jogava pelo Ceará. Ao deixar o gramado após uma partida contra o Santa Cruz, pela Série B do Brasileiro, foi avisado que tinha recebido o terceiro cartão amarelo ao tirar a camisa para comemorar um gol e estava suspenso para a próxima partida. Marinho, como sempre, foi sincero. Em sua resposta espontânea, ignorando que estava ao vivo, disse: "Que merd*... sabia não". A entrevista viralizou.

Quando chegou ao Santos, o atacante marcou seu primeiro gol em uma paulada de fora da área e deu ao Peixe a vitória sobre o Botafogo. Na saída, em entrevista, disse que o gol tinha saído em um "minimíssil aleatório". Com a pontaria afiada, os mísseis se multiplicaram a partir dali.

Depois de um tempo, com a implantação do VAR, Marinho comemorou um gol marcado pelo Peixe imitando a checagem do árbitro com o assistente de vídeo. Ele fez um quadrado com mãos, aguardou enquanto apertava um fone imaginário no ouvido e validou o próprio gol. A comemoração, assim como as entrevistas, viralizou.


Magoado com a seleção, diz que pode até defender outro país
Considerado por muitos críticos, um dos melhores atacantes em atividade no Brasil, Marinho chegou a ter o nome cogitado na seleção brasileira, onde nunca jogou. Mas o técnico Tite acabou deixando-o de fora da lista para os próximos jogos pelas Eliminatórias da Copa.

O santista até recebeu elogios de Tite, mas já deu declarações de que uma convocação não lhe encantaria muito atualmente. Ele parece já ter perdido as esperanças.

A seleção brasileira é incrível, mas eu não penso. No momento que eu estava voando, como vejo outro também voando, não tive oportunidade. Como eu vinha no Vitória, dificilmente vão olhar para o Nordeste para defender a seleção. Perdi esse brilho de defender a seleção do meu país. Eu falo brincando, mas é verdade: se fosse para me naturalizar para defender outro país, não pensaria duas vezes. Mas hoje defendo uma seleção, que é a seleção do Santos, único clube que parou uma guerra já."

A declaração ao comentarista Alê Oliveira é bem diferente da postura de Marinho em 2013. Quando tinha 23 anos, o atacante não se intimidou diante de Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção na época, durante uma palestra do treinador no Ituano, onde Marinho atuava naquele ano. Ele era reserva na equipe do interior paulista, mas tentou a sorte com Felipão.

Foi o técnico Doriva quem lembrou dessa história, em entrevista ao UOL Esporte:

"O assessor do Ituano também era assessor do Felipão e levou ele para fazer uma palestra para nós antes do jogo decisivo. Foi muito bacana receber ele e foi engraçado. O Marinho para a preleção do Felipão no meio e fala: 'Felipão, não esquece de mim quando for convocar a seleção, hein'. Estava muito distante para ele naquele momento, mas isso mostra a personalidade que ele tem. Foi uma risada só naquele momento. Mas, de fato, ele se tornou um jogador de alto nível."

Felipão respondeu com uma palavra de incentivo, disse para Marinho continuar jogando bem e fazendo gols que ele estaria de olho. Os dois se reencontraram anos depois quando ambos atuaram na China, mas não chegaram a se enfrentar porque Marinho foi poupado quando seu time enfrentou o de Felipão. Depois do jogo, o técnico confessou que estava preocupado com a marcação sobre o atacante e ficou agradecido quando o viu no banco.


Antes da fama, atacante foi "nômade"
Antes do episódio de 2015, no jogo do Ceará, que o tornou nacionalmente conhecido, Marinho já havia rodado muito: em 13 anos de carreira profissional, jogou em 13 clubes.

Marinho teve passagem pela base do Santos em 2007, mas problemas contratuais fizeram o jogador se transferir para o Fluminense, onde fez sua estreia profissional, em 2008. Não ficou muito tempo no Rio e um ano depois já vestia as cores do Internacional. Atuou na base do Colorado e fez alguns jogos no time de cima. Mas também não criou raízes - foi emprestado para quatro equipes em três anos: Caxias, Paraná, Goiás e Ituano.

Em 2014, se transferiu de maneira definitiva para o Náutico e foi lá que chamou atenção do Ceará. Depois, foi comprado pelo Cruzeiro, e já na temporada seguinte foi emprestado ao Vitória - onde faria o melhor ano de sua carreira antes de 2020.

O desempenho fez chegar uma proposta do Changchun Yatai, da China, onde jogou por um ano e meio antes de ser repatriado pelo Grêmio, em 2018. Já na temporada seguinte, foi negociado com o Peixe.


Um sonho simples: criar raízes
Em meio à tanta andança, memes, gols e até especulações para seleção brasileira, Marinho tem um sonho simples: ganhar uma placa por um número grande de jogos realizados pelo mesmo clube. Desde que chegou ao Peixe, o camisa 11 fala em criar raízes no alvinegro praiano.

O atacante completou 45 jogos com a camisa santista na última quinta-feira e já bateu sua própria marca na carreira. O recorde anterior era de 43 partida pelo Vitória.

Marinho não conseguirá atingir os 100 jogos pelo Peixe nesta temporada, mas pode ficar bem próximo da marca. Em entrevista ao UOL Esporte, no ano passado, ele lembrou que é sempre negociado por onde passa, o que impede de criar raízes, e revelou o desejo de ganhar títulos para ficar na história do Santos.

"Creio que sim [chegou a hora de se fixar], se os caras não me venderem, né? Em todo clube que eu vou, me negociam. Quero criar uma identidade no clube. Uma coisa que eu me amarro é quando o cara recebe a plaquinha de tantos jogos pelo clube. Essa é uma meta para mim aqui. E ganhar títulos. Você é valorizado no clube quando ganha títulos. Temos um treinador vencedor e jogadores, também. Quero poder dizer que tenho tantos jogos pelo Santos e tais títulos", disse.


Variação tática com Cuca dá mais liberdade a atacante
A disposição tática do Santos neste ano pode ajudar Marinho a criar raízes no litoral paulista. Ele está em alta.

Fez apenas quatro jogos sob comando do português Jesualdo Ferreira, já que fraturou o pé esquerdo na estreia em 2020. Quando voltou, já dava sinais de que 2020 seria seu ano, marcando três gols em três jogos. Mas foi com Cuca que o camisa 11 deslanchou.

O atual técnico santista deu liberdade para o jogador atuar mais por dentro e não só colado na ponta direita do ataque. Chegou, inclusive, a escalar Marinho como centroavante ou mesmo segundo atacante mais centralizado. Em alguns jogos, o camisa 11 é quem tem menos responsabilidade defensiva na equipe, ficando à frente para iniciar os contra-ataques — Raniel já chegou a marcar pelo setor direito para deixar Marinho solto.

Com esse esquema tático, o Peixe de Cuca com Marinho lembra o Palmeiras do próprio treinador com Gabriel Jesus. Em 2016, o garoto deixou de acompanhar os laterais adversários e ganhou mais liberdade para decidir jogos. O resultado foi o título Brasileirão e o prêmio de craque do torneio para Jesus.

Será que Marinho terá a mesma sorte?

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