"Se eu falar que queria ir, estaria mentindo", disse Diego Pituca, que teve os direitos econômicos vendidos pelo Santos ao Kashima Antlers (JAP), em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
O volante nunca escondeu seu amor pelo Peixe. Em toda oportunidade que teve, citou o sonho realizado ao defender o clube do coração. Mas, além do perfil que deu "match", o jogador se tornou pilar no meio-campo do Peixe na temporada passada, quando o clube chegou à final da Copa Libertadores. Por isso, a negociação foi tão dolorida para o torcedor, que se apegou ao sorridente Diego Pituca.
A negociação rendeu US$ 1,6 milhão (R$ 8,2 milhões na cotação da época) aos cofres do Alvinegro praiano. A quantia foi suficiente para solucionar algumas dívidas. E esse foi um dos motivos que fez Pituca aceitar a ideia de deixar a Baixada Santista: ajudar o Santos a respirar um pouco financeiramente.
Maria Alice
A ajuda de desafogo às cifras do Santos foi um dos motivos que o fez ir para o futebol asiático, porque este não foi o principal. O que mais encheu os olhos do jogador de 28 anos foi a oportunidade de dar um futuro melhor a sua primogênita Maria Alice, de 9 meses.
Diego Pituca e sua filha Maria Alice
"Quando recebi a proposta do Kashima, o Adalberto [Almeida, seu empresário] veio falar comigo. Ele enviou ao [Orlando] Rollo [ex presidente santista], e o [Felipe] Ximenes [superintendente de futebol na época] ainda era o diretor. Adalberto me ligou, falou o valor da proposta. Eu disse: 'você sabe que eu quero ficar no Santos, o carinho que eu tenho pelo clube. Mas com a chegada da minha filha mudou, né? Eu quero algo melhor... Para dar um futuro melhor para ela', disse Pituca.
O desafio de estar em um novo país também motivou Pituca a aceitar a ideia de um novo destino para seguir a carreira. Ele demonstrou curiosidade com o estilo de futebol totalmente diferente do Brasil, mas deixou o recado: se precisar, ele volta.
"Eu falei que queria ir para lá, era uma coisa nova para mim. Uma das coisas que me fez aceitar foi isso: novo país, novo futebol. Mas deixei bem claro para o presidente, a todos. Que qualquer coisa que aconteça no Santos, sabem onde me achar, que eu volto", acrescentou.
Renascimento na pandemia
Maria Alice foi decisiva não só no momento do "sim" para a negociação, mas também um grande fator de superação na vida de Pituca.
Em meio a quarentena motivada pelo coronavírus, o volante perdeu sua avó Alice, em abril do ano passado. O volante, que era muito apegado a ela, contou que foi um período difícil em sua vida, mas pontuou que no mês seguinte teve a maior felicidade de sua vida.
"Ano passado, eu tive uma perda grande, que foi minha avó. Ela veio a falecer. Me incomodou muito, porque eu era muito apegada a ela. Mas no mês seguinte eu tive a maior felicidade da minha vida, que foi o nascimento da minha filha. E eu pude homenagear a avó da Lidiana [esposa] e minha avó no nome dela. Por isso ficou Maria Alice. Maria do nome da avó da Lidiana e Alice da minha avó. Isso aconteceu no auge da pandemia", relembrou.
Enquanto Pituca não pode viajar ao Japão devido às restrições e medidas restritivas pela Covid-19, o jogador está em Mogi Guaçu, interior do Estado de São Paulo. Por lá, ele treina com um personal trainer, se comunica com o técnico e comissão do Kashima Antlers e, acima de tudo, aproveita a família.
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